XXV Estoril Jazz - Jazz Num Dia de Verão 2006

Ano 60

Caros Amigos

Acontece o que me parece incrível, quase um sonho, que este ano de 2006 comemoro 60 anos da minha ligação ao Jazz, pois foi em 1946 que comecei a ler a coluna do Leonard Feather numa revista de cinema de então chamada “Modern Screen”, a ouvir o programa de rádio do Luís Villas-Boas no Rádio Clube Português (emissor instalado num belo edifício na Parede), a Voice of America com Willis Connover, o AFN (American Forces Network), estação de rádio para as forças armadas Norte-Americanas baseadas na Alemanha, mas audível em perfeitas condições em toda a Europa.

Nesse mesmo ano ouvia o incontornável e omnipresente Frank Sinatra e o Trio de Nat “King” Cole, presenças assíduas no “Hit Parade” da década de 40, e “last but not least”, tinha lugar a minha primeira deslocação à mítica loja de discos Valentim de Carvalho, instalada num belo edifício pombalino, para comprar os meus primeiros 78 rpm’s, dos quais ainda conservo cerca de 300 exemplares (o primeiro foi o “Drum Boogie” pela orquestra de Gene Krupa, tendo no verso “The Big Do”, o qual infelizmente se partiu e os cacos desapareceram durante uma mudança!!!

Também em 2006, comemoram-se 35 anos da primeira edição do “Cascais Jazz”, no qual tive a honra e o privilégio de me iniciar como Produtor, a convite de Luís Villas-Boas, organizando as edições que decorreram de 1974 a 1988.

Como Promotor de Jazz colaborei em diversos Festivais de Jazz nacionais e co-produções com o CCB, Culturgest, Teatro Nacional de S. João (Porto), etc. Sublinho Promotor porque algumas pessoas/entidades teimam em chamar-me Empresário, o que eu rejeito por ser falso. Empresário foi o saudoso Vasco Morgado, que investiu dos seus recursos financeiros para trazer a Portugal nas décadas de 50 e 60 nomes como: Sidney Bechet, Duke Ellington/Ella Fitzgerald, Oscar Peterson, Sammy Davis Junior, Benny Goodman, Louis Armstrong, etc.

Deixando para trás este longo passado, do qual guardo muitas e boas recordações, e retomando o presente, congratulo-me em registar em 2005 o lançamento do livro “Duarte Mendonça 30 Anos de Jazz em Portugal” da autoria de João Moreira dos Santos, e de sua exclusiva iniciativa, pois nunca me passou pela cabeça tal projecto. O meu espólio fotográfico e a minha ainda excelente memória contribuíram para servir a matéria necessária ao seu exaustivo e rigoroso conteúdo.

Mais uma vez não posso deixar de referir e agradecer até com alguma emoção o apoio que me tem sido dado, apesar das dificuldades financeiras que o País vive, da Autarquia de Cascais na pessoa do seu Presidente Dr. António D’Orey Capucho, e de todos os responsáveis da Cultura, Relações Públicas e demais departamentos municipais envolvidos, que tudo têm feito para facilitar a minha acção.

Por encomenda do Senhor Presidente da Câmara, o OAC (Observatório das Actividades Culturais) publicou um levantamento exaustivo da Cultura no concelho de Cascais, designado por “Cartografia Cultural do Concelho de Cascais”, tendo o “Estoril Jazz” sido seleccionado como Estudo de Caso, com a designação: “Estoril Jazz - Construção de Uma Imagem de Marca”.

Mais uma vez conseguimos concretizar a nossa “saga” de mais de 30 anos, que consiste em apresentar pela primeira vez em Portugal, e no Estoril Jazz, nomes importantes da cena do Jazz norte-americano, nomeadamente os irmãos Delfeayo e Jason Marsalis, Pat Martino e a Ernie Wilkins Almost Big Band (Dinamarca).

Quanto ao elenco deste ano, não posso deixar de referir o Domingo 9 de Julho, data da Final do Campeonato do Mundo de Futebol, coincidente com um dos concertos do Estoril Jazz, pelo que, não podendo vencê-lo, tive que me associar ao acontecimento, proporcionando um ecrã gigante com a transmissão da Final daquele acontecimento desportivo às 19H00 – entre dois concertos de Jazz: às 17H00 o Trio da Dena DeRose e às 21H30 o Quarteto do Pat Martino... Enfim, uma tarde/noite “jazzístico/futebolística”.

Quanto ao restante elenco, apraz-me registar que o Estoril Jazz/2006 foi o primeiro Festival Europeu a contratar um dos irmãos Marsalis – Delfeayo – o “arranjador” de serviço para a família e não só, para além de excelente trombonista, com o seu quinteto.

No JAPP, Jazz at Palmela Park, apresenta-se o saxofonista barítono Gary Smulyan com o seu All Star Quintet, um projecto novo, há muito tempo imaginado, mas só agora concretizado.

Outros destaques, o Trio do incontornável pianista Kenny Barron, Tim Hagans – trompetista pós be-bop – com uma orquestra Dinamarquesa com arranjos do grande Ernie Wilkins (ex Count Basie), entretanto já falecido. Músicos Europeus a “soar” à Americana!

O veterano Ben Riley à frente de um Septeto All Star a interpretar música do Monk!, etc.

Espero que gostem, que o S. Pedro ajude e que Portugal ganhe a Final do Campeonato do Mundo!

Duarte Mendonça