Editorial

Lamentavelmente, a situação do nosso País não inverte o caos em que estamos mergulhados, em todas as áreas das nossas vidas, atingindo a Cultura de uma forma dramática, e o Estoril Jazz vê-se atirado para um patamar único na sua carreira de 42 anos, reduzido a quatro concertos!

1)    O Jazz, forma de expressão musical única, nasceu no início do século passado nos Estados Unidos da América, resultado da emigração de escravos negros do continente africano, bem como de emigrantes de diversos países europeus, fugidos às guerras, e que aí procuraram melhores condições de vida.

Desta fusão de raças e culturas surgiram geniais “luminárias” nas mais diversas artes, disseminando as suas potencialidades artísticas e intelectuais naquele novo continente.

O Jazz, o maior acontecimento na área da música ocorrido no século XX, é resultado precisamente da brilhante interligação/harmonia dos europeus, maioritariamente de origem judaica.

É corrente na nossa sociedade, pouco esclarecida sobre estes assuntos, catalogarem o Jazz como “batuque”, “música de pretos”, entre outros “epítetos” manifestamente ofensivos e injustos, tendo em conta as características do Jazz.

Convém informar as pessoas pouco ligadas à música, que o Jazz, tal como a clássica, o bailado, a ópera e outras formas contemporâneas, deve ser tratado com respeito, sendo usufruído em auditórios e não nas ruas, como alguns sugerem, com o objectivo de ter visibilidade acrescida, o que nada tem a ver com a Cultura.

De acordo com o eminente maestro, musicólogo e professor Leonard Bernstein, autor do notável CD “Bernstein on Jazz – What is Jazz”, “o intérprete de Jazz é, ele próprio, o verdadeiro compositor quando improvisa sobre um standard, o que lhe dá um estatuto mais criativo e, consequentemente, mais digno”.  

2)    Chamo a atenção para as estreias em Portugal neste Estoril Jazz: o trompetista Sean Jones, o grupo Opus 5 (composto por músicos do “plantel Mingusiano”, gerido pela viúva Sue Mingus), e a nova estrela do Jazz português, o saxofonista alto Ricardo Toscano.

De salientar que o Duo Roseanna Vitro / Kenny Werner havia sido cancelado em 2013, por motivos orçamentais, pelo que este ano fiz questão de os convidar.

Aproveitamos esta oportunidade para vos informar que o eminente pianista e educador Kenny Werner publicou, na revista “Downbeat” de Janeiro e de Março 2015, dois artigos intitulados “Zen and The Art of Jazz – Part 1 & 2”, aos quais poderão aceder no site www.projazz.pt ou no seu próprio site www.kennywerner.com.

Estamos na presença de uma eminente personalidade, além de um ecléctico pianista de Jazz, também educador e filósofo.

“Kenny Werner is a world-class pianist, composer, educator and author whose prolific output continues to impact audiences and musicians around the world. His groundbreaking 1996 publication «Effortless Mastery: Liberating the Master Musician Within» is a guide to distill the emotional, spiritual and psychological aspects of an artist’s life. One of the most widely read books on music and improvisation, it is required reading at many universities and conservatories. Werner was recently named Artistic Director of The Performance Wellness Institute at Berklee College of Music. His new CD «Coalition» (Hall Note) features Miguel Zénon, Lionel Loueke, Benjamin Koppel and Ferenc Nemeth.”

in Downbeat Jan/Mar. 2015


Mais uma vez, no âmbito do 4º Dia Internacional do Jazz, que se comemora a 30 de Abril, por decisão da UNESCO, o Estoril Jazz/2015 integra as comemorações desta efeméride.

Espero que, apesar do formato reduzido, o Estoril Jazz prossiga a sua saga de novos talentos e qualidade artística indiscutível, e que seja do vosso agrado.

“It don’t mean a thing if it ain’t got that swing”
“O Jazz não significa nada se não tiver swing”


(Duke Ellington)

“O Jazz é a Melhor Música do Mundo!”


Duarte Manuel Beires Valle Morais Castro Pinto Sarmento Fonseca de Mendonça