Roseanna Vitro / Kenny Werner

Talvez não ande nas bocas do mundo como outras suas companheiras, cantoras de profissão, porventura mais dadas ao espalhafato e com maior sabedoria para adornar carreiras proveitosas, assim melhor caindo nas boas graças do sacrossanto "mercado" discográfico.

Mas Roseanna Vitro é, sem dúvida, senhora de um talento indiscutível e sobretudo versátil, que alia ao extremo bom gosto das suas escolhas, sempre sujeitas ao swing recatado que coloca nas suas interpretações, o tratamento quase instrumental do seu canto, tornando-se uma das mais interessantes vozes femininas da actualidade.

Não admira que, a seu lado, tenham estado com frequência músicos que, regra geral, mais do que meros acompanhadores, são eles próprios solistas de primeiro plano, entre os quais é indispensável destacar James Carter, Randy Brecker, Ray Anderson, Adam Rogers, Joe Lovano ou Buster Williams, e ultimamente a música de Clare Fisher, isto para apenas referir aqueles que comprovam o amplo espectro dos seus interesses musicais.

Característica particular do estilo de Roseanna é, pois, a sábia associação que em geral faz do ambiente instrumental em que gosta de cantar e, neste concerto, terá como única companhia o seu pianista e amigo de eleição há mais de 25 anos, Kenny Werner.

Werner figura, seguramente, entre a meia dúzia de grandes pianistas de estilo intemporal e inclassificável que hoje mantêm vivo o esplendor de um instrumento que tantas glórias trouxe ao jazz de todas as épocas sendo, ao mesmo tempo, um criador de momentos musicais nos quais o classicismo e a modernidade se conjugam de uma forma imprevisível e jamais acomodada, assim enriquecendo como poucos a música que toca e em que toca.

Charles Mingus, Archie Shepp, Joe Lovano, Eddie Gomez, Bob Brookmeyer, Peter Erskine, John Abercrombie, Lee Konitz, Joe Henderson, Tom Harell, Gunther Schuller, Dave Holland, Chris Potter ou Jack DeJohnette são apenas alguns dos nomes que, ao longo dos anos, gostaram de ter a seu lado a invenção criativa de Kenny Werner, ele próprio compositor de primeira água, pelo que este concerto se antevê digno de se transformar e figurar entre as melhores noites do Estoril Jazz.

O eminente pianista e educador publicou, na revista “Downbeat” de Janeiro e de Março 2015, dois artigos intitulados “Zen and The Art of Jazz”, aos quais poderão aceder aqui:

 1º Parte: Zen and The Art of Jazz 
 2º Parte: Zen and The Art of Jazz