Duarte Manuel Sarmento de Mendonça, nascido em 1931, iniciou-se no Jazz em 1944, com 13 anos, através das rádios locais EN e RCP (mais tarde, em 1945, com o programa Hot Clube de Luís Vilas-Boas), e da "Voice of America", quando o seu Pai adquiriu um rádio de origem norte-americana, marca Hallicrafters, de válvulas, naturalmente concebido exclusivamente para a captação de emissões em onda curta, cuja frequência chegava em boas condições a grandes distâncias.
O programa “Hit Parade”, da "Voice of America", era conduzido por uma personagem mítica, Willis Connover, cujo prestígio e actividade durou cerca de duas décadas, e que permitiu o contacto com a música norte-americana chamada popular, personificada pelos grandes cantores: Louis Armstrong, Sinatra, Perry Como, Bing Crosby, Dick Haymes, Billie Holiday, June Christy, Peggy Lee, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald e tantos outros, bem como as grandes orquestras, como Glenn Miller, Irmãos Dorsey, Benny Goodman, Count Basie, onde o swing era omnipresente e indispensável.
Uns anos mais tarde ainda na década de 40, é exposto aos primeiros discos da etiqueta Dial 78 rpm de Charlie Parker, estando então encontrada a sua linha dentro do Jazz. Imediatamente a seguir, toma contacto com Miles Davis, Stan Getz, Dizzy Gillespie, Sonny Rollins, Thelonious Monk, Bud Powell, Art Blakey, Clifford Brown e tantos outros génios do “Be-Bop”.
O seu Pai adquiriu o atrás referido Hallicrafters para ouvir os noticiários da evolução da II Grande Guerra 1939-45 da BBC/Londres, pela voz do saudoso Fernando Pessa.
Resumindo, as sonoridades a que se habituou desde essa data e até hoje mantiveram-se, e a paixão pelo Jazz teve aí a sua génese.
Para além da sonoridade inesquecível da Orquestra de Glenn Miller, entramos na era do “boogie woogie”, forma de blues original de Chicago, onde pontificaram três nomes: Pete Johnson, Albert Ammons, Meade Lux Lewis, a qual foi muito popular na década de 40, e em Portugal entre 1945-50.