Reflexões Jazzísticas

A diversificação dos concertos por vários espaços/auditórios implicará uma maior despesa na satisfação dos requisitos técnicos inerentes a cada concerto.
A realização destes (e de outros) concertos implica sempre a utilização de equipamentos de som (PA), iluminação, e dos respectivos técnicos responsáveis pelos referidos equipamentos.
A necessidade de alugar piano, o seu transporte e afinação, reflectir-se-á forçosamente nos custos globais.
A eventual necessidade de contratar pessoal para assegurar o funcionamento e segurança dos “novos” espaços, a obtenção de licenciamentos vários, podem também contribuir para o aumento das despesas.

Quero também realçar que a especificidade do Jazz não deve ser confundida com a chamada “animação de rua” e que os concertos deverão ser em recintos que dignifiquem a música e os seus executantes. Concertos ao ar livre deverão ser em espaços devidamente apetrechados (com palco coberto, camarins, plateia com cadeiras) e resguardados do barulho da via pública. Só desta forma esta música e os seus executantes podem ser dignificados.

O conhecimento prévio dos locais propostos para a realização dos concertos parece-me também indispensável à escolha dos respectivos grupos, uma vez que cada formação deve ser escolhida de acordo com as características do auditório. Quero com isto dizer que um concerto, por exemplo, de Piano Solo, nunca deverá ser programado para um espaço ao ar livre ou sem condições acústicas para receber tal tipo de espectáculo.

Parece-me também que o conceito de concertos na rua (eventualmente gratuitos) apesar de não ser de todo da minha preferência por, como disse, considerar que desprestigia a “performance” é, na minha perspectiva, aceitável para determinado tipo específico de formação, como por exemplo, as praticantes do “Dixieland”, estilo que se desenvolveu no início do séc. XX neste meio ambiente e que, por não utilizar instrumentos “estáticos”, se adapta facilmente ao conceito de concerto em movimento.
De qualquer forma, creio que este tipo de acção apenas deveria ser feito como forma de divulgar/promover os concertos “indoor” do Estoril Jazz.

Depois destas considerações, espero que o Estoril Jazz, festival que ao longo de 34 anos de existência criou excelente reputação nacional e internacional, assim como ajudou a promover o nome do Estoril e de todo o Concelho de Cascais no meio jazzístico.

Resumindo, pretende-se dignificar o evento, não deixando no entanto de  considerar imprescindível que o carácter “sério“ dos concertos do Estoril Jazz possa ser mantido, por convicção própria e por consideração para com o público e músicos convidados.


Luís Hilário – Coordenador de Produção