Charles Lloyd Quarteto

Charles Lloyd - sax tenor, soprano
Jason Moran - piano
Reuben Rogers - contrabaixo
Eric Harland- bateria

Não poderia terminar de melhor maneira a primeira parte do Estoril Jazz deste ano: a actuação do quarteto de Charles Lloyd, não apenas pelo que o grande saxofonista representa na história do jazz moderno como pela notável colaboração que os seus mais jovens pares trazem a este notável grupo, constituirá sem dúvida (tal como sempre acontece quando Lloyd se desloca a Portugal) um dos mais importantes concertos da presente temporada.

Com especiais ligações sentimentais a Cascais (e a este festival em particular), não é demais recordar as memoráveis noites que, em meados dos anos 60, Charles Lloyd iluminou durante as suas actuações no Luisiana Jazz Clube, então dirigido por Luiz Villas-Boas e Jean-Pierre Gebler, com o histórico quarteto que à época incluia nada menos que Keith Jarrett, Cecil McBee e Jack DeJohnette, bem como a posterior passagem pelo Parque Palmela na edição do Estoril Jazz 2001.

Considerado um dos mais talentosos continuadores de uma certa espiritualidade que ficou a marcar a derradeira fase da trajectória criativa de Coltrane mas logo criando uma linguagem própria matizada pelos sons, pelas ideias e pela música popular ligada aos movimentos políticos e sociais da juventude norte-americana nos anos 60, Charles Lloyd jamais deixaria de estar presente na memória dos amadores de jazz; e o seu regresso, em plenos anos 80, a uma renovada actividade profissional constituiria um dos notórios acontecimentos neste domínio musical.

Agora à frente do seu novo quarteto – que os ouvidos deste cronista viu nascer num primeiríssimo encontro realizado na Casa da Música (Porto) em 2007, no início de uma digressão europeia – Charles Lloyd certamente não poderia ter encontrado outros músicos que melhor compreendessem (e ajudassem a recriar) uma linguagem musical e instrumental tão personalizada, sempre com os pés assentes em várias tradições do jazz e nas músicas do mundo mas ao mesmo tempo buscando os caminhos da modernidade. Neste sentido, os contributos de Reuben Rogers e Eric Harland são ainda o melhor incentivo à evidência de uma segunda forte personalidade neste quarteto, a do pianista Jason Moran, sem dúvida um dos mais originais criadores do jazz actual.