Instrumento não muito expandido no jazz, o vibrafone é um dos mais complexos e também mais insinuantes objectos musicais em todo o instrumentário do jazz.
O seu maior cultor, no período do jazz clássico/swing foi, naturalmente, Lionel Hampton, com um jogo instrumental percussivo e uma contagiante capacidade histriónica. Depois, Milt Jackson, tanto na sua participação no Modern Jazz Quartet como nos seus próprios grupos e em outros contextos musicais, conferiu-lhe uma linguagem de modernidade que, durante anos, não teve comparação. Seria assim preciso chegarem os anos de 1960/1970 para que novas linguagens surgissem e para que despontassem e se afirmassem em definitivo dois novos vultos incontornáveis no panorama moderno do vibrafone: Gary Burton e Bobby Hutcherson.
Será este último, Bobby Hutcherson, que poderá ouvir-se no Estoril Jazz 2008, uma ocasião rara de apreciar a arte de um improvisador e instrumentista de altíssimo nível e, ainda, um jazz simultaneamente solto, swingante, delicado e intenso na sua expressão emocional.
Nascido em 1941 em Los Angeles, Hutcherson começou por tocar profissionalmente com Curtis Amy e Charles Lloyd, integrando pouco depois o quarteto de Al Grey/Billy Mitchell. Radicado definitivamente na Costa Leste, o vibrafonista tocaria mais tarde ao lado de Grant Green, Hank Mobley, Herbie Hancock e, ainda, com outros modernistas como Jackie McLean, Archie Shepp, Andrew Hill ou Eric Dolphy.
Hoje com 67 anos de idade e tendo vivido uma experiência profissional e uma carreira artística repleta de êxitos – materializados em dezenas de gravações realizadas em nome próprio ou integrado em grupos de outros grandes nomes do jazz – pode dizer-se que Bobby Hutcherson alcançou o estatuto de maior vibrafonista de referência em actividade.
Bobby Hutcherson actuará no Estoril Jazz com o seu quarteto constituído por Joe Gilman, Dwayne Burno e Eddie Marshal.