Arnie Somogyi

Com a actuação do saxofonista norte-americano Eric Alexander com o seu UK All Stars Quintet, a primeira noite do Estoril Jazz XXXIII começa como tantas vezes têm terminado outras edições deste festival: num ambiente afinal bem próximo da jam session  (pela especial atmosfera de descontração e desafio entre músicos que há muito se conhecem),  embora não estejamos em rigor perante a situação de essencialmente ouvirmos conhecidosstandards do jazz mas também composições originais.

Não escondendo as influências de um Dexter Gordon ou de um George Coleman, Eric Alexander é um músico de sólida cultura-base jazzística, integrando-se com naturalidade e talento em vários tipos de formação instrumental, como demonstra uma discografia variada e particularmente generosa. Iniciando a sua carreira na área de Chicago e mudando-se em inícios dos anos 90 para Nova Iorque, o saxofonista confirmou-se como um dos mais sólidos instrumentistas mainstream das duas últimas duas décadas,tendo conquistado em 1991 o 2º. lugar no Concurso Internacional Thelonius Monk.

Mas os membros do brilhante All Stars que o sempre seguro Eric Alexander pediu ao veterano saxofonista inglês Art Themen para escolher, em especial, para esta apresentação, dá-nos a oportunidade de descobrir o jazz britânico, tão injustamente subestimado entre nós.

Contando com a energia e a segurança do tempo de Arnie Somogyi (contrabaixo) e Winston Clifford (bateria), características essenciais em qualquer secção rítmica, sobressai ainda nesta o swing e ao mesmo tempo a técnica delicada do pianista John Donaldson — recente vencedor, na categoria de piano,dos British Jazz Awards — que estudou nos EUA com Joe Henderson e tocou com grandes músicos como Larry Grenadier, Donny McCaslin ou Eddie Henderson. Na Grã-Bretanha, a sua participação em grupos de Iain Bellamy, Clark Tracey, John Etheridge ou Norma Winstone, confere-lhe um lugar de destaque entre os actuais pianistas britânicos.

Na linha da frente dos sopros, estará também o reputado trombonista Mark Nightingale que, nos anos 90, foi justamente destacado pela crítica a propósito da publicação de dois Cds — “What I Wanted to Say” (com a participação de Ray Brown e Jeff Hamilton) e “Destiny”(com a Big Band da RIAS), aos quais se seguiram, já no novo milénio, “The RathPack, Live in London”, “A Nightingale Sang” ou o mais recente “Out of the Box”.Nas credenciais de Mark Nightingale sobressaem, ainda, as suas participações em grupos de Kenny Wheeler, Johnny Dankworth, Cleo Laine, o octeto de Stan Traceyon o noneto de Alan Barnes.